gatos

"O processo de reparação de objectos cerâmicos por aplicação de grampos de arame, ou gatos como frequentemente se denomina, é uma expressão forte de um acto tradicional de restauro praticado por artesãos ambulantes (os amoladores) que possuíam um número reduzido de instrumentos de trabalho. O furador manual deito de arame de aço ou o berbequim para a abertura dos orifícios no recipiente fracturado, o alicate para dobrar e cortar os grampos e para os pressionar na sua aplicação, transportados pela rua.
Este trabalho de muita baixa remuneração, era vantajoso dado o custo dos recipientes a reparar."
Museu Nacional de Etnologia

barros negros de ribolhos

Figuras da Maria da Fonte e Músicos em barro. José Maria Rodrigues. Castro DAire.
Museu Nacional de Etnologia.
O José Maria Rodrigues, habitante em Ribolhos, o oleiro mais conhecido do concelho, produzia utensílios em barro preto - assim denominado devido ao tipo de cozedura que lhe concede a tonalidade negra.
Com o desenvolvimento e modernização do estilo de vida, José Maria dedicou-se à olaria artística, criando um género muito próprio, onde predominam as figuras de arte popular.
A arte de trabalhar o barro, actividade secular em Ribolhos, foi o único meio de subsistência da população devido à inexistência de actividade industrial e de uma precária agricultura. A roda baixa, a pia de pedra, o maço de madeira, a peneira e os outros instrumentos fabricados pelo oleiro, constituem os artefactos que deram nome aos Barros Negros de Ribolhos.

Olaria de Nisa


Olaria Empedrada
A olaria pedrada é uma tradição bastante antiga e intimamente ligada à preservação da água. É típica na região do Alto Alentejo, nomeadamente em Nisa e Estremoz - que apresentam técnicas decorativas de incrustação no barro distintas -, e na região da Alta Estremadura espanhola, nomeadamente na localidade fronteiriça de Ceclavín.

Assim, a olaria de Nisa tem como principal função a conservação da água fresca para uso doméstico e o seu transporte pelos viajantes e trabalhadores rurais.

Na composição da pasta entram dois tipos de barro, o barro branco e o barro preto, utilizando-se ainda para o acabamento da peça o barro vermelho.

Nas incrustrações empregam-se fragmentos de quartzo. As decorações são levadas a cabo por mulheres, sendo os motivos mais frequentes são as flores e plantas típicas da região.

A partir dos anos 60 deu-se uma crescente procura destas peças para fins decorativos. Esta procura originou uma adaptação na tipologia de peças executadas e na sua decoração. Deste modo, para além do tradicional vasilhame, começaram-se a produzir artefactos decorativos tais como pratos, travessas, cinzeiros, pequenas réplicas de animais, entre outros. No que toca à decoração, mesmo nas peças mais tradicionais, começou-se a utilizar pedra de menor calibre (chamada de 1ª e de 2ª) e em apenas uma linha ou ida, como dizem os populares.

Moringue em barro. António Oliveira Pequito. Museu Nacional de Etnologia
Jarro em barro. Museu Nacional de Etnologia
Potes de Roça

Produz-se igualmente em Nisa os chamados potes de roça ou potes roçados, cuja técnica de execução e o resultado final são bastante distintos dos da restante olaria nisense.

Através desta técnica apenas se produzem potes.

O barro é trabalhado em cima de pó de quartzo, ficando visível apenas na superfície externa da peça. Estas peças são extremamente resistentes e refrescarem mais a água do que os potes lisos, uma vez que o quartzo torna barro mais poroso, acelerando o processo de arrefecimento.

Pote de Roça. António Pequito. Museu Nacional de Etnologia

cristal pureza

"A Noiva" (2001) de Joana Vasconcelos é um enorme lustre composto por cerca de 20 mil tampões OB.

"Pra Quem Mora Lá o Céu É Lá"

Podemos encontrar no Museu Berardo uma selecção das obras da dupla brasileira Os Gémeos - os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo -, bem como uma série de trabalhos produzidos, ou adaptados, ao espaço que lhes foi destinado.

A dupla começou a grafitar em São Paulo, no bairro do Cambuci, no final dos anos 80. Hoje, os seus trabalhos podem ser vistos não só nas ruas, do Brasil e de várias cidades europeias, como numa série de galerias.

No Museu Berardo criam, num amplo espaço, um cenário imaginário, fantástico, cheio de histórias, personagens e elementos oníricos. Apresentam várias instalações, pinturas sobre paredes, telas, portas, rádios, instrumentos musicais...

Uma parede, coberta de portas sugere riqueza visual de quem a olha uma favela, cheia de cores, materiais e expressões distintas.
"O nosso trabalho reflecte as vivências, o olhar, os sonhos, as histórias, os relacionamentos familiares, a poesia, a música, a comida, o folclore do Brasil, o silêncio, pessoas que vivem com salários de miséria mas estão sorrindo, tudo isso é filtrado." ípsilon

Aqui pode ser visto o mural que fizeram em Lisboa, na Av Fontes Pereira de Melo.

cores aguardente

* rosa aldeia
* verde ferrugem

Passeio por uma aldeia. Vislumbro um par de cores, vincadas pelo uso, garridas pela chuva. As duas expressões de "tempo" coabitam de forma perfeita. As duas cores abraçam-se. Dou entrada, atrevida, quase ao estilo ladrão, na Fábrica de Aguardente.

love you, soft kilims

Christian Dell


Candeeiro de secretária arte déco, desenhado em 1930 por Christian Dell,que trabalhou como mestre em metal na Bauhaus entre 1922-25. É completamente construído em baquelita (bakelite), um tipo de material de plástico (resina sitética que resulta da condensação de fenóis com aldeído fórmico) que foi inventado pelo belga Leo Beakeland (1863 - 1944).

Christian Dell trabalhou como mestre em metal na Bauhaus entre 1922-25. Aqui, ele veio a colaborar com László Moholy-Nagy e produziu inúmeros candeeiros de escritórios:

os Ratinhos - faiança popular de Coimbra


Os "Ratinhos" é uma expressão que denomina os trabalhadores rurais da Beira que migravam sazonalmente para o Alentejo na época das ceifas.
Os Pratos Ratinho, produzidos desde os finais do século XVIII, decorados com flores, penas e, mais tarde com figuras típicas, são louça vidrada de produção popular das fábrica de faiança de Coimbra. Louça amplamente difundida e comerciada por ser extremamente barata, devido à fraca qualidade e ausência de valor artístico.

Estes pratos eram então levados para o Alentejo por aqueles “Ratinhos” que pretendiam, durante o tempo de estadia nos latifúndios, possuir um prato próprio, evitando partilhar o mesmo prato com várias pessoas na hora da refeição.

Esta louça denominava-se ainda por "Troca-Trapos", pois era costume, no final da época da ceifa, serem trocadas por roupas, mantas ou tecidos da Fábrica de Lanifícios.

As famílias mais pobres, que não possuíam estanhos ou cobres, decoravam as suas casas com estes pratos de loiça vidrada, garrida e popular, a qual era colocada em bonitas estanheiras.